O vídeo não se caracteriza como um registro do processo de produção das obras, mas como uma expressão artística com narrativa imagética que busca indiciar ao público alguns aspectos fundamentais da proposta da instalação. A questão do Santo Sudário - véu que supostamente envolveu o corpo de Cristo em seu leito de morte - é explorada de modo a propor paralelos entre o cotidiano urbano e o sagrado ritualístico. Os rastros coletados nos tecidos são tidos como gestos de existência, por vezes contraditórios: ora acompanhados de uma psicologia típica da sociedade industrializada - ocupada com os anseios inerentes ao sistema que preza pela máxima de que “tempo é dinheiro” - ora indicativos de uma espécie de “psicologia do esmo”, na qual se evidencia o fato do ir e vir incessante que nunca chega a lugar algum. Conceitos filosóficos como o de “Não Lugares” do antropólogo Marc Augé, de “Apologia da Deriva” de Paola Berenstein Jacques e de “Geografia Humana” do geógrafo Milton Santos, são referenciais que problematizam a narrativa. Outra referência fundamental para o trabalho como um todo, é o da série “Sudários”, do artista visual Carlos Vergara.